terça-feira, 27 de julho de 2010

Ômega 3

O ômega 3 é um ácido graxo poliinsaturado presente principalmente em peixes gordurosos e alguns óleos vegetais (como o de canola e nozes). Já existem mais de 12.000 estudos sobre essa família de gorduras, comprovando seu efeito benéfico para a saúde humana. Na década de 20, o princípio ativo do ômega 3 foi classificado como uma vitamina, a "vitamina F", e na década de 30 os cientistas começaram a pesquisar grupos de esquimós que habitavam a região da antártica. Neles foi constatada a ausência de casos de arteriosclerose. Como essas populações baseiam sua alimentação no consumo de peixes e outros animais marinhos, poderia haver uma relação da alimentação desses povos com esta baixa ocorrência de doenças ligadas ao sistema circulatório, o que foi comprovado posteriormente. Todos os peixes possuem ômega 3, ainda que seu teor seja diferenciado em cada espécie.


Os principais ácidos graxos da família ômega 3 são: ácido α-linolenico (ALA), ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexaenóico (DHA).
Estudos clínicos de diversas partes do mundo demonstraram a importância do ômega 3 na redução dos níveis de triglicérides e colesterol do sangue. Além disso o DHA mostrou-se essencial no desenvolvimento do cérebro e da retina do recém nascidos, daí sua importância também na dieta infantil.


O ômega 3 provoca a diminuição do LDL e aumento de HDL. Dessa forma, tem um efeito benéfico na prevenção de doenças arteriais. Seus principais efeitos estão ligados aos sistemas circulatório e neural. O ômega 3 diminui o nível de triglicérides e colesterol (LDL) no sangue, ajuda a prevenir danos vasculares como formação de coágulos e agregação plaquetária (aumentando a fluidez do sangue) e melhora o ritmo cardíaco. Além disso, melhora o sistema imunológico e o aspecto da pele (dando uma aparência aveludada), combate o stress, melhora a concentração e a memória e faz a prevenção de doenças cerebrais degenerativas.


A revisão de literatura pertinente sugere que o manuseio da inflamação intestinal com nutrientes com ômega 3 apresenta perspectivas interessantes e promissoras. Os dados iniciais sugerem que a provisão parenteral de ômega 3 seria uma ótima indicação para colites agudas. Nas investigações atuais, pode-se concluir que o ômega 3, modifica as manifestações inflamatórias da colite. O ômega 3, associado ao ômega 6, possui grande impacto benéfico, atenuando as conseqüências morfológicas e inflamatórias e diminuindo as concentrações de eicosanóides pró-inflamatórios nos tecidos.

Pesquisas recentes têm demonstrado o efeito antiinflamatório do ômega 3 principalmente por inibir as prostaglandinas e os leucotrienos, principalmente o B4, que estimula a formação de radicais livres nas articulações comprometidas. A utilização do ômega 3 em uma dieta balanceada é eficiente e tem proporcionado excelentes resultados em patologias como: artrite reumatóidea, psoríase, colesterolemia e em diversos quadros inflamatórios.


O médico Alexander Leaf e sua equipe da Escola de Medicina de Harvard realizaram testes em ratos para descobrir como esses óleos protegem o coração. Eles examinaram em microscópio as células cardíacas de fetos de ratos. Os médicos examinaram os efeitos de uma variedade de substâncias, incluindo óleos ômega 3, nessas células e descobriram que os óleos ajudam a prevenir contra batidas cardíacas irregulares. Eles acreditam que os óleos bloqueiam correntes excessivas de sódio e cálcio no coração, que provocariam, por sua vez, descargas elétricas excessivas e erráticas no coração.


Em um artigo publicado pela revista Circulation (Circulação), da Associação Americana do Coração, os cientistas disseram que "experiências com animais mostraram que os ácidos graxos ômega 3 permanecem na membrana das células cardíacas e ajudam a prevenir ataques cardíacos súbitos ou arritmias fatais".


A gordura da dieta tem um importante papel na ocorrência de doenças cardíacas. Mas os esquimós, mesmo consumindo grandes quantidades de gordura e de colesterol (devido as necessidades energéticas pelas condições ambientais), têm baixa prevalência de infarto do miocárdio. Isso ocorre porque o perfil lipídico do plasma dessa população é muito diferente da população do norte da Europa. Os esquimós têm baixas concentrações de lipídeos totais, de colesterol, de triglicérides, das LDL e das VLDL. Além disso, observa-se elevados níveis das HDL, principalmente nos homens. A causa desse perfil é a dieta, composta predominantemente por alimentos marinhos. Os esquimós consomem, em média, 500 g/dia de peixes e uma elevada quantidade de gorduras, principalmente de ácidos graxos poliinsaturados e monoinsaturados. Sendo que o total de ácidos graxos poliinsaturados da família ômega 3 é de 5 a 10 g/dia.

Estudos epidemiológicos têm documentado uma relação (dose-resposta) entre a ingestão de alimentos do mar, com elevada razão w-3/w-6 e a redução da mortalidade por doenças cardíacas coronarianas. Portanto, o consumo de peixes oleosos frescos ou congelados é a melhor maneira de proteger o coração.






6- Referências Bibliográficas:
1. Alexander JW. Immunonutrition: the role of w-3 fatty acids. Nutrition 1998;14:627-33.
2. Aslan AMD, Triadafilopoulos GMD. Fish oil fatty acid supplementation in active ulcerative colitis: a double-blind, placebo-controlled, crossover study. Am J Gastroenterol 1992;87:432-7.
[ Medline ]
3. Calder PC. Immunomodulatory and the anti-inflamatory effects of n-e polyunsaturated fatty acids. Proc Nutr Soc 1996;55:737-74.
4. Campbell JM, Fahey GC, Lichtensteiger CA, Demichele SJ, Garleb KA. An enteral formula containing fish oil, indigestible oligosaccharides, gum arabic and antioxidants affects plasma and colonic phospholipid fatty acid and prostaglandin profiles in pigs. J Nutr 1997;127:137-45.
[ Medline ]
5. Campos FG, Waitzberg DL, Plopper C, Terra RM, Habr-Gama A. Ácidos graxos de cadeia curta e doenças colo-retais. Rev Bras Nutr Clin 1998;13:276-85.
6. Carpentier YA, Simoens C, Siderova V, Vanweyenberg V, Eggerickx D, Deckelbaum RJ. Recent developments in lipid emulsions: relevance to intensive care. Nutrition 1997;13 Suppl:73-8.
7. Cukier C, Waitzberg DL, Soares SR, Logullo AF, Bacchi CE, Travassos VH, Saldiva PH.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Espécies Ornamentais Marinhas



Em 2003 assistimos à estória de um peixe palhaço que foi retirado de seu ambiente original para ser colocado em um aquário em local muito distante. O filme “Procurando Nemo” ilustra a crescente procura por espécies marinhas em todo o mundo. A beleza de espécies de recifes as tornam populares entre os aquaristas.

Apesar de a maior parte das espécies ornamentais de água doce serem atualmente cultivadas, praticamente todas as espécies de peixes e invertebrados marinhos utilizadas no aquarismo são provenientes de recifes de corais e suas cercanias (Wood, 2001a). Cerca de 25 espécies são cultivadas para esse comércio, mas aproximadamente 98% são retiradas diretamente da natureza (Moe, 1999 – citado em Wood, 2001a).

São 45 os países fonte desses organismos, e os mais importantes são Indonésia e Filipinas, mas Brasil, Maldivas, Vietnam, Sri Lanka e Havaí também são grandes exportadores (Wood, 2001a). Os principais destinos são Estados Unidos, Europa e Japão, com estimativas de US$ 28-30 milhões por ano em importações para esses países (dados de 1992-1998 – Wood, 2001a).

O Brasil é um dos maiores fornecedores de cavalos marinhos para o comércio mundial. Rosa et. al. (2006) monitoraram o comércio de cavalos marinhos e peixes cachimbo em Salvador, Bahia. Esses animais são coletados, em sua maioria, manualmente, em mergulho livre (até 7 metros), por pescadores que os vendem para revendedores. Todas as espécies de cavalo marinho estão incluídas na listagem da CITES (Convention on International Trade of Endangered Species), o que requer dos países fonte dessas espécies comprovação de que a retirada da natureza não está prejudicando significativamente as populações na natureza.

A crescente demanda pelo setor nos leva a questionar a sustentabilidade dessa atividade. Devido ao caráter altamente seletivo, à grande sensibilidade dos ambientes dos quais são retirados e ao número de indivíduos coletados, o potencial para uma exploração prejudicial é alto.

Calcula-se que estejam envolvidas mais de mil espécies de peixes e centenas de espécies de invertebrados (Wood, 2001b).

Ao impacto direto da retirada de espécies ornamentais de seus habitats somam-se os impactos relacionados, como mudanças na ecologia dos recifes de corais, degradação desse ambiente devido a técnicas invasivas de coleta, como o uso de cianeto e outros venenos, e a introdução de espécies exóticas (Padilla & Williams, 2004).

É necessário implementar ações para promover a preservação dos organismos e prover o mercado de espécies ornamentais marinhas. Wood (2001b) sugere algumas adaptações que poderiam amenizar a situação, como o uso de métodos de coleta aceitáveis, diminuindo a morte de organismos pós-coleta e os danos causados aos recifes de corais; delimitação do número de coletores, volume de exportação, tamanho e número de organismos por coletor; proteção de espécies raras ou espécies chave; delimitação de áreas permitidas e definição de épocas de coleta proibidas; além de monitoramento adequado.

Padilla, D. K. & Williams, S. L. 2004. Beyond ballast water: aquarium and ornamental trades as sources of invasive species in aquatic ecosystems. Front. Ecol. Environ. 2(3): 131-138.

Rosa, I. L.; Sampaio, C. L. S.; Barros, A. T. Collaborative monitoring of the ornamental trade of seahorses and pipefishes (Teleostei: Syngnathidae) in Brazil: Bahia State as a case study. Neotrop. Ichthyol. 4(2):247-252.

Wood, E.M. 2001a. Collection of coral reef fish for aquaria: global trade, conservation issues and management strategies. Marine Conservation Society, UK. 80pp.

Wood E.M. 2001b. Global Advances in Conservation and Management of Marine Ornamental Resources. Aquar. Sci. Conserv. 3: 65–77.

domingo, 4 de julho de 2010

Algas Marinhas, Fonte de Saúde!


Não há ou talvez haja poucos alimentos ricos em vitaminas, minerais e micronutrientes como as algas. Dentre esses micronutrientes estão os oligo-elementos. Os oligo-elementos apesar de traços ínfimos, presentes em certas substâncias minerais não podem ser negligenciados por um organismo saudável. Elementos tais como o ouro, a prata, a platina, o rubídio, o níquel, o boro, podem soar estranhos como participantes do nosso corpo, mas na verdade tem função imprescindível dentro de nós. São ingeridos de forma natural, pois estão presentes no sal marinho não refinado, e em muitos produtos alimentares de origem vegetal e algas.


Em nenhum outro alimento, porém, se conhece uma congragação tão intensa de todos os mais importantes macro e micro elementos minerais. A maioria das algas contem bastane iodo, mas até que a água do mar. A composição química varia segundo a espécie, o grau de maturidade, o local da recolha e as estações do ano. Dentre as várias vitaminas como A, B1, B2, B6, B12, C, D, E, K, PP. Algumas algas contem vitamina B12 em quantidades comparáveis às encontradas ao fígado bovino, e vitamina E em quantidades semelhantes as encontradas no gérmem de trigo. Apesar de conterem vitaminas e minerais como carro chefe dos nutrientes em abundancia, algas podem contem boas quantidades de componentes proteicos, lipídicos e glicídicos.



Dentre as espécies de algas mais consumidas no mundo está a Porphyra tenera, conhecida como alga Nori, amplamente utilizada na culinária japonesa e difundida culturalmente pelos imigrantes japoneses no Brasil. Essa alga fica preta ou roxa escura quando seca. É utilizada como guarnição , em sushis ( enrolada em croquetes de arroz acidulado), ou cozinhada em água com tamari e usada como condimento. Nesse último caso, basta passar uma folha várias vezes sobre uma chama, até atingir uma cor esverdeada, e triturá-la depois entre os dedos; em seguida é utilizada para polvilhar sopas e demais pratos. Possui, em particular, elevado teor de cobalto e vitamina B12. Na costa atlântica européia recolhe-se uma espécie vizinha, a Porphyra umbilicalis. Ambas apresentam altos índices protéicos e vitaminas A, B1, B2, B12 e C. São diuréticas (promovendo a eliminação de toxinas), estimulantes da digestão e ativadoras da circulação sanguínea.
Fontes: